31/03/2023
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tecnico 19/03/2021
Uma constatação é óbvia: vivemos em um momento em que as redes sociais ganharam um poder avassalador e até surpreendente aqui no Brasil. Mas, é hora de refletir sobre o que esse fenômeno pode trazer de ensinamentos positivos para a comunicação corporativa digital.
Já testemunhamos a eleição de um presidente que começou com grande antecedência um trabalho de mobilização de apoiadores nas redes sociais. Não foi o trabalho só para atender uma campanha pré-eleitoral, mas de uma estratégia bem desenhada de comunicação com um objetivo claro: chegar à presidência da República. O foco era criar um canal alternativo para defender uma causa.
Muitos duvidaram da eficácia da aposta do então candidato do PSL. Em matéria de 14 de setembro de 2018, publicada na Folha de São Paulo, Fabro Steibel, professor da ESPM Rio e diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade-Rio, ponderou que “não podemos esquecer que só metade dos brasileiros está na internet e que as redes sociais não decidem voto”.
A análise tinha razão de ser, mas o tempo comprovou que a metade que está ativa nas redes sociais forma opinião e, sim, decide voto. Claro que há outras variáveis a serem consideradas porque essa foi a eleição da maior divulgação de fake news e do uso abusivo do What’sApp (outra rede social), também com poderes surpreendentes. O fato é que o novo presidente tem mais de nove milhões de fãs no Facebook e no Twitter são mais de dois milhões seguidores, além de forte presença no Instagram e no YouTube. As postagens são constantes e aproveitam todos os recursos de cada uma das redes, sem avaliar aqui abordagem e correção de informação (temas bastante discutíveis que mereceriam outro artigo).
Mais do que influenciar pessoas, o candidato demonstrou claramente que prefere comunicar-se através das redes para falar ao seu público. Pela primeira vez, no Brasil, um presidente eleito fez um pronunciamento público longe das câmeras da TV. Onde ele estava? Em uma live nas redes sociais.
Em contraponto a esse cenário, é raro encontrar um grande executivo brasileiro que usa o poder da web social para informar, influenciar e dialogar com seus públicos de interesse. Você já viu algum executivo, de uma grande empresa brasileira, fazendo um anúncio de uma conquista corporativa em primeira mão no LinkedIn ou no Twitter? Quais são as razões que afastam as lideranças empresariais das redes?
Enquanto, nós da Navigators, tentamos entender e quebrar resistências, estudamos cases lá de fora que mostram que muitos CEOs estão investindo parte do seu tempo (ou da sua equipe ou de uma consultoria) para transformarem-se em porta-vozes de suas empresas construindo um novo modelo de liderança engajada e inovadora.
No Brasil, hoje podemos contar nas mãos os líderes que estão sabendo usar as plataformas de forma estratégica e alinhada com a comunicação da empresa que representam. É o caso de Rafael Menin, Presidente da MRV Engenharia, que conquistou mais de 100 mil seguidores no Twitter, ou do CEO da TOTVS, Laércio Cosentino, com mais de 250 mil seguidores no LinkedIn.
E não são apenas os dirigentes da nova economia que estão ativos no LinkedIn e no Twitter. Você quer um exemplo? Mohamed El-Erian, Chief Economic Advisor, da Allianz, tem mais de dois milhões de seguidores no LinkedIn e posta várias vezes por dia.
Há dúvida sobre os benefícios de apostar em uma estratégia de posicionamento de líderes nas redes sociais em composição com os perfis oficiais das empresas? E eles são muitos. Além da construção de uma liderança inovadora em seus segmentos de atuação, o executivo pode ajudar a disseminar a cultura de governança e compliance, ampliar o poder de influência da corporação para gerar resultados e conquistar novos parceiros, criar novos relacionamentos para acelerar negócios e, claro, atrair e reter talentos para sua equipe.
Ativar perfis pessoais relevantes nas redes sociais dá trabalho, exige dedicação, requer planejamento, estratégia e táticas bem desenhadas. Bora conversar sobre esse desafio?